quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Nova greve de ônibus em Mauá

Motoristas da Viação Cidade de Mauá voltaram a cruzar os braços pelo não pagamento de direitos trabalhistas.
(Fonte da Imagem: Divulgação)
ADAMO BAZANI – CBN: O acordo intermediado pela prefeitura de Mauá, na Grande São Paulo, no último dia 11 de agosto de 2014, quando motoristas e cobradores de ônibus cruzaram os braços na parte da manhã, acabou não dando resultados, e no início da tarde desta quinta-feira, dia 28 de agosto de 2014, a população mauaense volta a enfrentar uma paralisação de ônibus.
Funcionários da Viação Cidade de Mauá cruzaram os braços mais uma vez alegando não ter recebido os pagamentos de direitos trabalhistas e verbas rescisórias, os mesmos motivos que resultaram na greve que durou meio dia em 11 de agosto. O terminal chegou a ser fechado, impedindo a circulação dos ônibus da outra empresa, Suzantur.
Pelo acordo, os pagamentos deveriam ter sido realizados até o dia 15.
Apenas uma parte recebeu os direitos trabalhistas.
Em nota, a prefeitura diz que tenta remediar a situação:
“A Prefeitura de Mauá informa que, neste momento, toda a frota de ônibus do transporte coletivo municipal está paralisada devido a greve de funcionários da Viação Cidade de Mauá. A Administração busca uma solução imediata para regularizar a situação junto ao sindicato da categoria e a empresa em questão.
Esta greve deve-se ao não pagamento das verbas rescisórias dos trabalhadores da Viação Cidade de Mauá por parte da empresa.”
Todo o impasse tem como contexto as mudanças nos transportes realizadas pela administração do prefeito de Mauá, Donisete Braga.
A Viação Cidade de Mauá, do empresário Baltazar José de Sousa, e a Leblon Transporte de Passageiros, da família Isaak, foram descredenciadas por Donisete Braga e pelo então secretário de mobilidade urbana, Paulo Eugênio Pereira, hoje candidato a depurado estadual, por supostas consultas irregulares ao sistema de bilhetagem eletrônica. A acusação não foi unanimidade nem na prefeitura de Mauá e o caso está na Justiça. Em 27 de junho de 2013, a procuradora do município, Thaís de Almeida Miana, acolheu os argumentos da Leblon de que não houve consulta irregular e recomendou uma nova sindicância, o que foi ignorado por Paulo Eugênio e Donisete Braga.
Apesar de a prefeitura ter descredenciado as duas empresas, só uma delas, a Leblon Transporte de Passageiros, foi retirada de uma só vez do sistema. Para a empresa de Baltazar, o tratamento foi diferente: a empresa começou a ser retirada gradativamente desde dezembro do ano passado, ainda estando com 17 linhas, das 49 existentes em Mauá.
Foi declarada vencedora de uma nova licitação feita pela prefeitura de Mauá a empresa de ônibus Suzantur, de Claudinei Brogliato, que à época do descredenciamento, teve como representantes em negociação com o Sintetra, o sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus do ABC, David Barioni Neto, ex-executivo de Constantino de Oliveira, fundador da Gol Linhas Aéreas, e José Garcia Netto, irmão do dono do Banco Caruana, que financia ônibus para o grupo dos empresários de ônibus mineiros, no qual se enquadra Baltazar José de Sousa.
Na reunião, com a presença de Donisete Braga, segundo documento apresentado por Baltazar ao sindicato, Garcia e Barioni, na condição de representantes da Suzantur, se comprometeram a assumir todos os funcionários das linhas municipais descredenciadas da Viação Cidade de Mauá, o que segundo os trabalhadores, não ocorreu plenamente.
Hoje a Suzantur paga aluguel de uma garagem para o empresário Baltazar José de Sousa e opera, entre outros ônibus, veículos financiados pelo Banco Caruana para a Viação Estrela de Mauá, empresa fundada por Baltazar e depois presidida por David Barioni, que tentou tirar a Leblon das operações até janeiro de 2013, quando a Justiça considerou ilegal a atitude da prefeitura de Mauá de colocar a Estrela de Mauá para operar o mesmo lote da Leblon, cuja família opera nos transportes do Paraná desde 1951, mas que não pertencia ao grupo de empresários do ABC Paulista.
Em janeiro de 2013, Donisete Braga e Paulo Eugênio diziam que o melhor para Mauá era que a cidade tivesse duas ou mais empresas e defenderam a presença da Estrela de Mauá.
Quando a Leblon foi retirada, o discurso mudou. Em audiência pública na Câmara, no dia 12 de fevereiro de 2014, Paulo Eugênio disse aos munícipes que a licitação manteria dois lotes operacionais na cidade, mas dividindo o total de linhas pela metade.
Depois a prefeitura decidiu que uma empresa só operaria o sistema de 49 linhas que transporta 110 mil pessoas por dia.
A alegação para o modelo de monopólio foi que o poder público teria mais retorno financeiro.
Em entrevista ao Blog Ponto de Ônibus, no dia 04 de agosto, Donisete Braga disse estar convencido que este seria o melhor modelo para Mauá:

http://goo.gl/HzqjQ8

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.


Por: Igor Dias

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