sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Finalmente termina greve em Mauá

Motoristas e cobradores da Viação Cidade de Mauá devem ter as homologações ainda hoje.
(Fonte da imagem: Igor Dias - Busologia Total)
ADAMO BAZANI – CBN: Os serviços de ônibus municipais em Mauá, na Grande São Paulo, começam a circular na tarde desta sexta-feira. A normalização se dá aos poucos.
Motoristas e cobradores da Viação Cidade de Mauá, da EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André e da Viação Ribeirão Pires, estas duas últimas intermunicipais, paralisaram as atividades no início da tarde de ontem, o que pegou muitos passageiros de surpresa.
Os trabalhadores foram demitidos após a prefeitura de Mauá contratar outra empresa de ônibus na cidade, a Suzantur.
Eles dizem que não receberam as verbas rescisórias.
Na manhã desta sexta-feira, houve uma assembleia . Segundo a prefeitura de Mauá, a Viação Cidade de Mauá se comprometeu a pagar 50 homologações ainda nesta sexta-feira e as 79 restantes na segunda-feira (1º/9). Diariamente, utilizam o sistema de transporte coletivo da cidade aproximadamente 100 mil pessoas.
A Suzantur não estava em greve, mas as atividades foram paralisadas também. Temendo represálias, a Suzantur não colocou os ônibus nas ruas.
HISTÓRICO DE CONTRADIÇÕES E IMPASSES:
A situação vivenciada mais uma vez pela população como contexto as mudanças nos transportes realizadas pela administração do prefeito de Mauá, Donisete Braga.
A Viação Cidade de Mauá, do empresário Baltazar José de Sousa, e a Leblon Transporte de Passageiros, da família Isaak, foram descredenciadas por Donisete Braga e pelo então secretário de mobilidade urbana, Paulo Eugênio Pereira, hoje candidato a depurado estadual, por supostas consultas irregulares ao sistema de bilhetagem eletrônica. A acusação não foi unanimidade nem na prefeitura de Mauá e o caso está na Justiça. Em 27 de junho de 2013, a procuradora do município, Thaís de Almeida Miana, acolheu os argumentos da Leblon de que não houve consulta irregular e recomendou uma nova sindicância, o que foi ignorado por Paulo Eugênio e Donisete Braga.
Apesar de a prefeitura ter descredenciado as duas empresas, só uma delas, a Leblon Transporte de Passageiros, foi retirada de uma só vez do sistema. Para a empresa de Baltazar, o tratamento foi diferente: a empresa começou a ser retirada gradativamente desde dezembro do ano passado, ainda estando com 17 linhas, das 49 existentes em Mauá.
Foi declarada vencedora de uma nova licitação feita pela prefeitura de Mauá a empresa de ônibus Suzantur, de Claudinei Brogliato, que à época do descredenciamento, teve como representantes em negociação com o Sintetra, o sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus do ABC, David Barioni Neto, ex-executivo de Constantino de Oliveira, fundador da Gol Linhas Aéreas, e José Garcia Netto, irmão do dono do Banco Caruana, que financia ônibus para o grupo dos empresários de ônibus mineiros, no qual se enquadra Baltazar José de Sousa.
Na reunião, com a presença de Donisete Braga, segundo documento apresentado por Baltazar ao sindicato, Garcia e Barioni, na condição de representantes da Suzantur, se comprometeram a assumir todos os funcionários das linhas municipais descredenciadas da Viação Cidade de Mauá, o que segundo os trabalhadores, não ocorreu plenamente.
Hoje a Suzantur paga aluguel de uma garagem para o empresário Baltazar José de Sousa e opera, entre outros ônibus, veículos financiados pelo Banco Caruana para a Viação Estrela de Mauá, empresa fundada por Baltazar e depois presidida por David Barioni, que tentou tirar a Leblon das operações até janeiro de 2013, quando a Justiça considerou ilegal a atitude da prefeitura de Mauá de colocar a Estrela de Mauá para operar o mesmo lote da Leblon, cuja família opera nos transportes do Paraná desde 1951, mas que não pertencia ao grupo de empresários do ABC Paulista.
Em janeiro de 2013, Donisete Braga e Paulo Eugênio diziam que o melhor para Mauá era que a cidade tivesse duas ou mais empresas e defenderam a presença da Estrela de Mauá.
Quando a Leblon foi retirada, o discurso mudou. Em audiência pública na Câmara, no dia 12 de fevereiro de 2014, Paulo Eugênio disse aos munícipes que a licitação manteria dois lotes operacionais na cidade, mas dividindo o total de linhas pela metade.
Depois a prefeitura decidiu que uma empresa só operaria o sistema de 49 linhas que transporta 110 mil pessoas por dia.
A alegação para o modelo de monopólio foi que o poder público teria mais retorno financeiro.
Em entrevista ao Blog Ponto de Ônibus, no dia 04 de agosto, Donisete Braga disse estar convencido que este seria o melhor modelo para Mauá:

http://goo.gl/35VX3u

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.


Por: Igor Dias

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