domingo, 10 de agosto de 2014

Dono da Suzantur fala sobre impasse que pode levar à greve de ônibus em Mauá

“Estamos cumprindo todos os acordos” – diz Claudinei Brogliato, dono da Suzantur.
Empresário diz que não são verdadeiras as informações de Baltazar José de Sousa de que a companhia de ônibus assumiu os passivos trabalhistas da Viação Cidade de Mauá. Baltazar vai pedir novo empréstimo no Banco Caruana para os pagamentos.

(Fonte da imagem: Alexsander Cintra de Oliveira)
ADAMO BAZANI – CBN: “O que Baltazar José de Sousa tem declarado são mentiras de quem já perdeu o direito de operar na cidade” – disse no início da noite desta sexta-feira, dia 08 de agosto de 2014, o dono da empresa de ônibus Suzantur, Claudinei Brogliato, com exclusividade ao Blog Ponto de Ônibus.Prestes a ter uma greve de ônibus, a cidade de Mauá, na Grande São Paulo, virou um verdadeiro campo de troca de acusações entre empresas de ônibus e poder público após o processo de mudança nos transportes realizado pela administração Donisete Braga.
Trabalhadores da Viação Cidade de Mauá, operadora de propriedade de Baltazar José de Sousa, ameaçam cruzar os braços na segunda-feira, dia 11 de agosto. O Sintetra, sindicato que representa os motoristas e cobradores do ABC, diz que a empresa Suzantur, contratada pela prefeitura de Mauá, não está assumindo todos os funcionários da Viação Cidade de Mauá, que foi descredenciada do sistema depois de supostas consultas não autorizadas aos dados de bilhetagem eletrônica. A entidade sindical também diz que Baltazar não pagou as verbas rescisórias dos funcionários que foram demitidos após as operações da Suzantur.
“É mentira que assumimos a obrigação de pagar os passivos trabalhistas da Viação Cidade de Mauá. Isso é argumento de quem não quer pagar os trabalhadores. A Leblon (outra empresa que operou na cidade) pagou tudo em dia, não assumimos as dívidas dela e não houve problemas com seus trabalhadores. Por que assumiríamos só as dívidas da Viação Cidade de Mauá? Nosso compromisso foi absorver os funcionários demitidos e que atuaram na Viação Cidade de Mauá. É verdade que não contratamos todos ainda, mas estamos contratando sim” – disse Claudinei Brogliato ao Blog Ponto de Ônibus ao rebater a informação de Baltazar José de Sousa de que, em meados de outubro do ano passado, os representantes da Suzantur,David Barioni Neto e José Garcia Netto, disseram que a companhia também pagaria os débitos trabalhistas da Viação Cidade de Mauá. Participaram deste encontro o ex secretário de mobilidade urbana, Paulo Eugênio Pereira, e o prefeito Donisete Braga.
Claudinei Brogliato também afirmou que existem funcionários de outras empresas de Baltazar que estão sendo mandados embora e encaminhados para a Suzantur.
“Nosso compromisso foi assumir os postos de trabalho de quem trabalhava nas linhas municipais, as quais a Viação Cidade de Mauá operava. Tá vindo funcionário da EAOSA, da Ribeirão (Pires) e de outras que são do Baltazar, mas que fazem linhas intermunicipais. Para agilizar a contratação, estamos até admitindo alguns funcionários que nem ainda tiveram homologada a baixa na Viação Cidade (de Mauá) ” – disse Claudinei.
Ele também afirmou que desde fevereiro, David Barioni Neto não atua mais na Suzantur.
David Barioni Neto, ex executivo de Constantino de Oliveira, na Gol Linhas Aéreas, em 2012 assumiu a Viação Estrela de Mauá, criada por Baltazar José de Sousa, para participar da licitação de 2008. A Viação Estrela de Mauá queria retirar a Leblon Transporte de Passageiros do lote 02 da cidade. A Leblon é da família Isaak, do Paraná, que não possui relações com empresários de ônibus do ABC Paulista.
Já quanto a José Garcia Netto, irmão de Ângelo Roque Garcia, dono do Banco Caruana de financiamentos para empresas de ônibus, Claudinei disse quem mantém contatos por causa da instituição bancária e que é “legítimo uma empresa que está prestes a comprar frota nova, buscar diversas fontes de recursos para financiamento”
BALTAZAR VAI PEDIR EMPRESTADO DINHEIRO DO CARUANA:
E é justamente do Banco Caruana que devem vir os recursos que podem evitar uma eventual greve.
O empresário Baltazar José de Sousa vai tentar um empréstimo de R$ 2,8 milhões do banco de Garcia para pagar as dívidas trabalhistas, mas depois deve contestar o valor junto à prefeitura e à Suzantur.
Baltazar já é cliente do Banco Caruana que tem forte atuação junto a empresas de diversas cidades do País, como em Mauá.
Na cidade de Mauá, o banco somente não financiou ônibus para a Leblon, que possui crédito junto aos bancos das encarroçadoras e montadoras.
O Caruana financiou ônibus para Baltazar, para a Viação Estrela de Mauá e agora também para a Suzantur.
RECURSOS NEGADOS:
Enquanto há impasses entre empresas, a prefeitura segue no credenciamento da Suzantur como vencedora da licitação atual dos transportes na cidade.
No Diário Oficial de Mauá desta sexta-feira, dia 08 de agosto de 2014, a Comissão Permanente de Licitação negou os recursos administrativos da Viação Diadema e da Princesa Turismo Eireli. Ambas, que participaram do certame, dizem que a Suzantur não teria condições de cumprir a idade da frota exigida no edital quando chegasse o ano de 2020 e que a empresa não apresentou comprovação de viabilidade econômico-financeira. O contrato de licitação que deve ser assinado nos próximos dias é de 20 anos: 10 anos prorrogáveis por mais 10 anos.
Eduardo Monteiro Pacheco – presidente da Comissão de Licitação, acolheu os argumentos da Suzantur contra os recursos.
O caso agora parou na Justiça.
A Princesa Eireli entrou na Justiça questionando o motivo pelo qual a prefeitura não teria analisado adequadamente os recursos, favorecendo a Suzantur.
A 5ª Vara Cível de Mauá acolheu os argumentos da Princesa Eireli. O certame não foi suspenso, mas o juiz Rodrigo Soares pediu explicações à prefeitura de Mauá sobre a postura do poder público na licitação.
DESCREDENCIAMENTO DE LEBLON E VIAÇÃO CIDADE DE MAUÁ AINDA GERA DÚVIDAS:
O processo de descredenciamento da Viação Cidade de Mauá e Leblon Transporte de Passageiros é, no mínimo, polêmico.
A administração Donisete Braga acusa a Viação Cidade de Mauá e a Leblon Transporte de Passageiros de terem realizado supostas consultas aos dados de bilhetagem eletrônica sem conhecimento da prefeitura.
As empresas negam e a acusação não foi consenso na prefeitura.
Em 27 de junho de 2013, a procuradora do município, Thaís de Almeida Miana, assinou recomendação à prefeitura.
Ela aceitou as provas apresentadas pela Leblon Transporte que afirmou não ter havido invasão e que as consultas foram autorizadas e treinadas por técnicos da prefeitura.
A procuradora então recomendou a realização de uma nova sindicância, mais técnica, já que a usada para descredenciar as empresas era baseada mais em testemunhas.
A recomendação não foi seguida pelo prefeito Donisete Braga e pelo secretário de mobilidade urbana, à época, Paulo Eugênio Pereira.
O descredenciamento foi visto por movimentos sociais de Mauá e pelo mercado regional de transportes como uma espécie de manobra para restabelecer o monopólio dos transportes em Mauá, já que o objetivo seria tirar a Leblon, que não fazia parte do grupo de empresários de ônibus do ABC.
O prefeito Donisete Braga negou e disse que o novo modelo que vai ser implantado deve melhorar a mobilidade na cidade, com ampliação da frota que será 100% acessível e zero quilômetro.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.


Por: Igor Dias

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