quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Incêndio a ônibus: O Estado não tem cumprido seu papel!

Muitos ataques ocorrem em regiões onde acabaram de acontecer confrontos entre policiais e bandidos. Então, identificar estas áreas e agir preventivamente, uma das atribuições da Polícia Militar, não seria algo tão difícil. Diante disso, não seria omissão do Estado?
(Fonte da imagem: Blog Ponto de Ônibus)
ADAMO BAZANI – CBN: Já se aproxima de 40 o número de ônibus municipais queimados em São Paulo, desde o início de janeiro de 2014. No ano passado inteiro foram 53 veículos. Se forem considerados os ataques aos ônibus intermunicipais, que servem outras cidades, mas que passam pela Capital Paulista, já são ao menos 58 ônibus destruídos.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo, os ataques prejudicaram neste ano, diretamente, ao menos 200 mil passageiros. Mas se forem considerados os efeitos sobre todo o sistema, o número pode ser bem maior.
Estes 200 mil passageiros correspondem à demanda que seria atendida normalmente caso estes cerca de 40 ônibus não fossem destruídos.
Muitas vezes, uma região em um só dia tem mais de um ônibus atacado. Por mais que as empresas tenham frota reserva, são necessários remanejamentos de veículos que estão em outras linhas, que passam também a contar com menos ônibus. Sendo assim, o número de prejudicados extrapola os 200 mil passageiros calculados pela Secretaria Municipal de Transportes.
Além disso, por questões de segurança, muitos itinerários não são realizados de maneira completa. Os ônibus chegam às proximidades dos locais mais perigosos e retornam.
Empresas de ônibus de São Paulo e autoridades de segurança pública estão constantemente reunidas para amenizar os problemas, mas até agora, a Polícia Militar, que deve ter uma ação preventiva, e a Polícia Civil, que deve investigar as ações, não realizaram grandes avanços.
E quem paga, é a população.
Este tipo de crime foi banalizado de uma tal maneira que qualquer fato é pretexto (e não motivo) para que um ônibus seja destruído.
Um traficante de drogas, um bandido ou qualquer outro criminoso morreu, logo aparecem ônibus queimados. Faltou água, luz, transporte, a prefeitura fez algo que desagradou a população, houve enchente, sempre há ocorrências de ônibus destruídos.
Muitas pessoas que querem aparecer na comunidade onde moram acabam organizando os ataques como autopromoção.
A impunidade é a grande aliada dos criminosos que atacam ônibus.
Poucas pessoas são presas, além de os ataques terem grande participação de adolescentes, que, por mais que queimem ônibus, matem e trafiquem, são blindados e protegidos pela lei.
A polícia apreende o menor (o politicamente correto impede os jornalistas de falarem prender, sob possibilidade até de processo) por queimar ônibus e logo em seguida, tem de soltar. Para comemorar, o “de menor” queima outro ônibus.
O medo por parte dos motoristas e cobradores é grande. Muitos, de maneira anônima, são feridos física ou psicologicamente.
Transportar pessoas é um ato de servir ao próximo.
Mas muitos profissionais que tinham verdadeiro gosto por este ramo, alguns vindos de famílias cujas várias gerações tiveram motoristas, dede o bisavô, agora têm medo de fazer o que gostam.
O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse ao Portal G 1 que as policiais (civil e militar) estão se empenhando.
Segundo ele, são muitas as motivações aparentes em cada ataque. Mas ele não descarta que pode haver atuações de grupos criminosos disfarçadas de protestos populares.
“Nós não temos ainda uma definição, uma conclusão, acompanhamos as duas hipóteses. O setor de inteligência está procurando diagnosticar, mas eu não tenho ainda convicção, nós não temos elementos para formar uma convicção, se é mero movimento ou se é manifestação de elementos criminosos. Mas nós estamos atrás disso também, diagnosticar o que está por trás desses atos”, afirmou o secretário.
Um fato é certo. Para evitar os ataques, principalmente quando há grupos criminosos envolvidos, não é necessário ser grande estrategista em segurança.
Onde houve um confronto entre bandido e polícia, certamente vai haver um ataque. É neste local que a polícia tem de agir de maneira preventiva.
Essa é uma das incumbências da Polícia Militar.
Diante disso, de a PM não estar conseguindo prevenir os ataques onde todo mundo vai saber que pode acontecer de a Polícia Civil não identificar os criminosos depois dos ataques, não estaria o Estado sendo omisso?
E diante desta possível omissão, em não cumprir seu papel, o Estado então não deveria ser responsabilizado e indenizar empresas e passageiros de ônibus?
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.


Por: Daniel Santana

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