Mauá protesta contra aumento de tarifa e falta de qualidade de transportes. Grupo pediu redução no valor de R$ 3,50 e mudanças no atual modelo de prestação de serviços, operado por apenas uma empresa.
|
(Fonte da imagem: divulgação no Facebook) |
ADAMO BAZANI – CBN: Dezenas de manifestantes, a maior parte jovens, realizaram nesta quarta-feira, em Mauá, na Grande São Paulo, um ato contra o aumento da tarifa de ônibus para R$ 3,50 e contra o que consideram falta de qualidade nos serviços de transportes coletivos da cidade.
O grupo, que se reuniu nas imediações do terminal de ônibus, acha “absurdo” o valor de R$ 3,50 para Mauá, o mesmo aplicado na Capital Paulista. As linhas de ônibus em Mauá não chegam, em sua maioria, a 16 quilômetros de extensão, nem todos os veículos são acessíveis, a integração municipal é limitada uma hora e pouco utilizada e a conexão com a CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, só possibilita 50 centavos de desconto em cada viagem.
Além disso, o modelo de transportes imposto pela administração do prefeito Donisete Braga, que retomou o monopólio dos serviços na cidade, não agrada apenas aos manifestantes, mas a boa parte dos passageiros.
Apenas a empresa Suzantur faz as 49 linhas municipais que transportam mais de 110 mil pessoas por dia.
A companhia foi colocada pela prefeitura, inicialmente de forma emergencial, depois por uma licitação que reuniu apenas quatro concorrentes (de três grupos), após um polêmico processo de descredenciamento das duas antigas operadoras da cidade: Viação Cidade de Mauá, de Baltazar José de Souza, relacionado com outros empresários que detém ônibus no ABC Paulista há mais de 30 anos, como Ronan Maria Pinto, que também é dono do jornal local Diário do Grande ABC. A outra empresa era a Leblon Transporte de Passageiros, da família Isaak, do Paraná, que não fazia parte do grupo de donos de viações do ABC.
Desde quando entrou em 2010, a Leblon foi alvo de ações judiciais e até ameaças. O monopólio dos transportes da região havia sido quebrado. Em 2013, o prefeito Donisete Braga e o então secretário de mobilidade urbana, Paulo Eugênio Pereira, acusaram a Viação Cidade de Mauá e a Leblon de terem consultado dados de bilhetagem eletrônica sem autorização. A acusação não foi unanimidade nem na prefeitura de Mauá e a procuradora do município, Thaís de Almeida Miana, recomendou uma nova sindicância, o que foi ignorado por Donisete e Paulo Eugênio.
Donisete então decidiu retirar a Leblon da noite para o dia após processos judiciais, mas a Viação Cidade de Mauá, de Baltazar, alvo da mesma acusação, teve outro tratamento e foi retirada lentamente, num procedimento que demorou um ano. Na época, a prefeitura alegou que a VCM tinha mais segurança jurídica.
A operadora Suzantur diz que não possui relações com Baltazar e outros empresários do ABC, mas ocupa uma garagem de Baltazar, possui funcionários de gerência e confiança que eram do grupo da região há vários anos, e opera com ônibus usados de diversas empresas, como a Estrela de Mauá, fundada por Baltazar e que também tentou operar no lugar da Leblon, e Guaianazes, de Ronan.
O prefeito Donisete Braga prometeu logo após o resultado da licitação que em dezembro de 2014 a cidade teria 248 ônibus novos. A promessa não foi cumprida e ficou para fevereiro de 2015. Os 300 abrigos nas paradas de ônibus, GPS nos veículos e a possibilidade de a população acompanhar pela internet a localização dos ônibus, como ocorria com a VCM e a Leblon, também não se concretizaram.
Agora Donisete Braga diz que haverá um plano de mobilidade urbana para Mauá pronto em março e ainda negou, novamente, perseguição às antigas empresas.
Mas até o momento, longas esperas nos pontos, excesso de lotação, ônibus que quebram constantemente e sem acessibilidade e despreparo de alguns motoristas e cobradores são realidade enfrentada todo o dia por quem depende dos transportes municipais de Mauá.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.
Por: Daniel Santana