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(Fonte da imagem: Reprodução Blog Ponto de Ônibus) |
Tanto a VCM – Viação Cidade de Mauá como a Suzantur percorreram as mesmas linhas, o que causou problemas no Terminal Central da Cidade, que, já possuindo pouco espaço para os ônibus, ficou com a circulação mais restrita ainda.
Para os passageiros, o dia foi bastante complicado pelas incertezas e falta de organização, além da sensação de insegurança.
O fato de haver ônibus de duas empresas circulando nas mesmas linhas não representou mais oferta de transportes. Isso porque os ônibus das duas companhias andavam praticamente juntos em diversos momentos.
A confusão no sistema de Mauá já dura duas semanas, depois que o prefeito Donisete Braga em 18 de outubro descredenciou as companhias operadoras Viação Cidade de Mauá, no lote 01, do grupo de Baltazar José de Sousa, e a Leblon Transporte de Passageiros, no lote 02, de Haroldo Issak e Ronaldo Isaak. Os dois irmãos são empresários de ônibus também no Paraná.
Foi contratada emergencialmente a Suzantur. A Suzantur não operava ônibus urbanos. O nome real da empresa que assinou o contrato emergencial é Transportadora Turística Suzano Ltda, registrada em nome de empresários moradores do ABC Paulista: Ângelo Roque Garcia, Claudinei Brogliato, Nádia Fronchini e Sérgio Queiroz Sortori.
A empresa começou a operar em 19 de outubro em cinco linhas da Viação Cidade de Mauá. Os coordenadores da Suzantur na cidade e a maior parte dos funcionários são da Viação Estrela de Mauá, empresa que foi fundada por Baltazar José de Sousa e hoje é de David Barioni Neto e de fundos de participações. A Viação Estrela de Mauá tenta judicialmente retirar a Leblon do lote 02, mas perdeu as últimas ações na Justiça, inclusive a última que apareceu como parte interessada em processo movido pela Prefeitura de Mauá contra a companhia dos empresários paranaenses.
Também tenta entrar no lote 02 a Empresa de Transporte Transmauá Ltda. Da mesma forma que a Viação Estrela de Mauá, a Transmauá foi criada por Baltazar José de Sousa. Hoje é de Eustachio Gonçalves da Silva, de Patos de Minas – MG (onde Baltazar começou a carreira), e de José Garcia Netto, morador da Capital Paulista.
José Garcia Netto, por sua vez, é um dos donos do Banco Caruana S.A. – Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento. O Caruana financiou ônibus para empresários do ABC Paulista, como o próprio Baltazar José de Sousa e outros do chamado grupo dos empresários mineiros.
Os dados foram obtidos na Junta Comercial de São Paulo e em balancetes públicos.
DECISÕES JURÍDICAS:
Antes mesmo do descredenciamento, a Leblon Transporte de Passageiros conseguiu um mandado de segurança na 5ª Vara Cível de Mauá que tornou nulos os efeitos da decisão administrativa do petista Donisete Braga.
O prefeito já tentou, por duas vezes derrubar a liminar, mas não obteve sucesso. Donisete, no entanto, ameaça tirar a Leblon ainda.
A empresa de origem paranaense da família Isaak ainda possui decisões do STJ – Superior Tribunal de Justiça e do TJ – Tribunal de Justiça de São Paulo que garantem o contrato firmado com a prefeitura em 2010.
Nesta quinta-feira, dia 31 de outubro, a Justiça de Manaus concedeu liminar determinando a suspensão do contrato emergencial com a Suzantur e que a Viação Cidade de Mauá operasse integralmente suas linhas. Isso porque as empresas de Baltazar estão em recuperação judicial para escaparem da falência. O processo é referente a uma companhia de Baltazar em Manaus: Soltur – Solimões Transportes e Turismo Ltda e envolve 33 empresas de Baltazar. Segundo a Justiça de Manaus, a perda das linhas por parte da VCM – Viação Cidade de Mauá prejudicaria as receitas da companhia e consequentemente a recuperação judicial.
O prefeito Donisete Braga não reconheceu a decisão e manteve os ônibus de Garcia e Brogliato, da Suzantur, rodando na cidade. A Viação Cidade de Mauá por sua vez voltou a operar nas cinco linhas.
Os ônibus da Suzantur não entravam no Terminal Itapeva, mas tinham acesso ao Terminal Central de Mauá, nesta sexta-feira.
Os veículos da Suzantur são usados da Oak Tree, empresa que faliu em São Paulo, e foram colocados de forma improvisada em Mauá, mantendo ainda portas à esquerda inoperantes (o que representa risco para os passageiros), catraca no meio do veículo (dificultando a locomoção dentro do ônibus), apenas duas portas no lado direito (tornando mais lento os embarques e desembarques) e a mesma pintura do Consórcio Sudoeste 8, da qual fazia parte a empresa Oak Tree, que também financiou os ônibus.
A Suzantur não tem ônibus articulados e os passageiros reclamam da superlotação. Os ônibus ainda seguem o padrão operacional da SPTrans – São Paulo Transpotes, onde há corredores que permitem o embarque e desembarque pelo lado esquerdo. A maior parte dos veículos não têm acessibilidade.
Um ofício da prefeitura de Mauá chegou na tarde desta sexta-feira à garagem da Viação Cidade de Mauá determinando que a empresa cedesse mais duas linhas à Suzantur: Feital e Parque das Américas.
A prefeitura alega, para o descredenciamento, que Viação Cidade de Mauá e a Leblon Transporte teriam supostamente invadido o sistema de bilhetagem eletrônica.
A administração Donisete Braga multou em R$ 12,2 milhões a Leblon e em R$ 8,4 milhões a Viação Cidade de Mauá. Donisete as tornou inidôneas.
O prefeito diz que o objetivo do descredenciamento é retomar o controle dos transportes em Mauá e pretende fazer uma nova licitação em novembro. Ele negou perseguição às empresas.
Donisete, em entrevista coletiva, disse que a frota de Mauá está sucateada.
A Leblon rebateu em nota: “Todos nossos ônibus foram trazidos zero quilômetro para Mauá, são acessíveis, portanto, têm menos de três anos de uso. A própria prefeitura aprovou 100% da frota em inspeções. A empresa teve toda a frota aprovada no Programa Despoluir, que mede as emissões de poluentes dos veículos, da CNT- Confederação Nacional dos Transportes. Os ônibus também são dotados de computador de bordo que auxiliam e monitoram a dirigibilidade, além de câmeras de acesso e monitores de TV”.
Segundo a Viação Cidade de Mauá, 30 ônibus zero quilômetro e acessíveis foram colocados em circulação em 2011 e havia, antes de todo este estado na cidade, a perspectiva da chegada de mais 40 ônibus novos.
A sindicância que apontou as supostas invasões é contestada pela Justiça.
Em 27 de junho de 2013, a Corregedora Geral de Mauá, Thais de Almeida Miana, deu parecer acatando os argumentos da Leblon que alegou que as supostas invasões foram consultas que a própria prefeitura treinou e autorizou as empresas. Ela apontou para a necessidade de uma nova sindicância pelo fato de a atual ser considerada “inconclusiva” e ter poucos elementos técnicos e mais testemunhais subjetivos. Donisete Braga ignorou o parecer.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.
Fonte: Blog Ponto de Ônibus
Por: Daniel Santana
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